A partir dos anos 80, o panorama do movimento sindical começa a mudar com o processo de redemocratização do País. O Sindaema participou ativamente dessa luta e uma das principais ações foi o rompimento do sindicato com a estrutura paternalista que a concessionária de água Cesan mantinha com a entidade.
Com isso, em 1988, por exemplo, por meio do Sindaema, os trabalhadores conseguiram vários benefícios, entre eles o adicional por periculosidade, direito ao horário de almoço e tíquete-refeição. Sem a subvenção da Cesan e com total liberdade, agora era possível negociar com maior autonomia. Os dirigentes começaram então um intenso movimento para adesão dos trabalhadores ao sindicato, visitando também o interior do Estado. O sindicato havia deixado de ser de estrutura para se tornar um sindicato de base. As decisões começaram a ser tomadas, depois de os trabalhadores serem consultados: estava implantada uma visão classista. Assim, o sindicato também começou a ganhar a credibilidade dos trabalhadores.
Greve histórica: em 1987, o Sindaema esteve à frente da primeira greve dos trabalhadores da Cesan. Foi um movimento casado ao dos trabalhadores do setor elétrico. O lema era “De dia, falta água. De noite, falta luz”. Era a administração do então governador Max Mauro. Do movimento, as conquistas mais marcantes foram o reajuste salarial e a gratificação por férias; maiores conquistas para os trabalhadores desde a fundação do sindicato.
Antes do fim da primeira década, em 1992, tiveram início os seminários de capacitação para os trabalhadores da Cesan. O primeiro teve como tema: “Lata d´água na cabeça”. Eles passaram a ser anuais até 1995. Nesse mesmo ano, ocorreram as discussões para reformulação do Estatuto, incluindo as empresas de água e esgoto do interior do Estado ao sindicato.
Em 1993, o Sindaema filiou-se à CUT e sempre se mantém alinhado com as lutas corporativas da classe trabalhadora e com os enfrentamentos contra qualquer ameaça ou retirada de direitos dos trabalhadores.
No ano seguinte, em 1994, o sindicato foi uma das entidades que questionaram o milionário projeto que prometia despoluir os mananciais do Estado, com 100% de redes de esgoto, o Prodespol. Com R$ 300 milhões em investimentos, o programa criou redes que não tinham ligação com estações de tratamento. O sindicato denunciou o caso ao Ministério Público e o assunto se tornou tema de reportagens em mídia nacional.
No ano de 1997, o sindicato viria a participar do que pode ser considerada uma de suas maiores lutas ao longo de 50 anos: o processo que quase culminou na privatização da Cesan. O governo do Estado passava por momentos difíceis, sem dinheiro para quitar a folha de pagamento dos servidores. Para isso, contraiu um empréstimo junto ao BNDES, dando como penhora as ações da Cesan.
O Sindaema iniciou um movimento recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado, que chegou a 31 mil assinaturas em oito meses. No Legislativo, tiveram apoio dos então deputados Max Filho e José Otávio Baiôco. O movimento fez nascer o primeiro projeto de lei de iniciativa popular e deu origem à Frente Estadual do Saneamento, responsável por audiências públicas regionais e metropolitanas com o intuito de debater o futuro do saneamento no Estado.
Na antiga sede da Assembleia Legislativa, no Centro de Vitória, foram muitos embates e surgiu a Comissão de Saneamento, presidida pelo então deputado Baiôco. Os frutos foram colhidos com o então governador Paulo Hartung, que pagou a dívida junto ao BNDES e livrou a Cesan da privatização.